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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

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Sri Nrsimha pranama
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 namas te narasimhaya
prahladahlada-dayine
hiranyakashipor vakshah
shila-tanka-nakhalaye
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ito nshimhah parato nrisimho
yato yato yami tato nrisimhah
bahir nrisimho hridaye nrisimho
nrisimham adim sharanam prapadye
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Ofereço minhas reverências ao Senhor Nrsimha-deva, que está sempre dando felicidade a Seus devotos como Prahlada Maharaja e cinzelamento nos corações dos demônios como Hiranyakasipu. O devoto sempre vê o Senhor Nrsimha em toda parte. O Senhor Nrsimha está dentro e fora. Por isso vamos todos se abrigar no Senhor Nrsimha.
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ORAÇÃO AO SENHOR NARASIMHA DEVA
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tava kara kamala vare nakham adbhuta singam
dalita hiranyakasipu tanu bhringam
kesava dhrta narahari rupa jaya jagadisha hare jaya jagadisha hare

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Ó Keshava! Ó Senhor do Universo! Ó Senhor Hari, que assumiu a forma metade homem, metade leão! Todas as glórias a Ti! Assim como alguém pode facilmente esmagar uma vespa entre as unhas, da mesma forma, o corpo de Hrayakashipu, um demônio parecido com uma vespa, foi dilacerado pelas maravilhosas unhas pontudas de Tuas belas mãos....

Uma das formas mais deslumbrantes do Senhor Krsna é a de Sri Nrsimhadeva, Sua encarnação como meio homem meio leão. O Senhor Nrsimha aparece para proteger Seu devoto Sri Prahlada Maharaja do ateísta rei Hiranyakasipu, o próprio pai de Prahlada.
 Prahlada, o Garoto Santo

Sri Prahlada Maharaja era devoto do Senhor Krsna desde seu nascimento, tendo recebido o conhecimento acerca do serviço devocional ainda no ventre. Certa vez, durante a ausência de Hiranyakasipu, seus inimigos, os semideuses, servos do Senhor Supremo responsáveis pela administração do universo, sequestraram sua esposa para matarem seu embrião. Eles temiam que aquele embrião pudesse se tornar, posteriormente, outro poderoso inimigo. Sri Narada Muni, todavia, resgatou a mãe e a criança após convencer os semideuses que aquele garoto no ventre era um grandioso devoto do Senhor Krsna. [Veja a secção extra ao fim “Por que Prahlada se torna filho de Hiranyakasipu” ].

No ventre de sua mãe, enquanto ela permanecia no asrama de Narada Muni, Prahlada ouviu os tópicos transcendentais concernentes às glorias do Senhor, refugiou-se no infalível abrigo dos pés de Krsna, e se tornou completamente destemido. Posteriormente, embora fosse apenas uma criança de cinco anos, possuía firme fé na protecção do Senhor, e invocou essa mesma devoção pura ao Senhor no coração de seus colegas de sala da escola ateísta de Sukracarya, o guru dos daityas, ou ateístas descendentes de Diti. Muito enraivecido pela indesviável devoção de seu filho por seu pior inimigo – o Senhor Visnu, a forma de quatro braços do Senhor Krsna – Hiranyakasipu sentenciou Prahlada à morte. Os servos de Hiranyakasipu tentaram de tudo para matar Prahlada. Tentaram matá-lo por fome, por envenenamento, rogando-lhe maldições, assombrando- o com demônios e fantasmas, mandando um elefante pisoteá-lo, prendendo-o com cobras venenosas, arremessando- o de altas montanhas e o atacando com pedras, fogo e gelo. Apesar de todos os esforços de Hiranyakasipu, Prahlada permanecia intocado, o que fez a ira daquele rei demoníaco crescer ainda mais.


O Plano de Hiranyakasipu para se Tornar Deus
A inimizade de Hiranyakasipu para com o Senhor Visnu começou quando o Senhor, sob Sua forma como um javali gigante, matou o irmão gêmeo de Hiranyakasipu, Hiranyaksa, que havia desequilibrado a Terra por gananciosamente minerá-la em busca de mais e mais ouro. Com a morte de seu irmão, Hiranyakasipu acusou o Senhor Visnu de parcialidade para com os semideuses: “A Suprema Personalidade de Deus abandonou Sua tendência de ser equânime para com os demônios e semideuses. Embora Ele seja a Pessoa Suprema, agora, influenciado por maya [ilusão], Ele assumiu a forma de um javali para comprazer Seus devotos, os semideuses, assim como uma criança inquieta se inclina mais a uma pessoa do que a outra”.
O Senhor, de fato, nunca demonstra parcialidade para com alguém: Ele simplesmente reciproca cada entidade viva de acordou com seus desejos individuais. O Senhor Krsna diz no Bhagavad-gita (4.11):
“A todos aqueles que se rendem a Mim, Eu os recompenso proporcionalmente. Todos seguem o Meu caminho sob todos os aspectos. Assim, o Senhor aparece como a morte para o ateísta e como o salvador amoroso para o Seu devoto; uma vez que está acima de qualquer idéia de afinidade material.


Para vingar a morte de seu irmão, o poderoso daitya Hiranyakasipu prometeu satisfazer a alma de seu irmão derramando o sangue de Visnu. Para obter o poder e imortalidade que precisava, executou penitências humanamente impossíveis, através das quais obteve favores do senhor Brahma, o criador do universo. Hiranyakasipu pensou que poderia se tornar Deus através de suas austeridades e penitências pessoais. Ele tolamente concluiu que, uma vez que o Senhor Visnu estava favorecendo os semideuses, Ele também era uma alma condicionada comum (influenciada por atracção e rejeição) que havia se tornado Deus através de austeridades. Essa mentalidade é própria dos filósofos Mayavadis impersonalistas que dizem que cada alma é Deus iludido por maya ilusão e, uma vez que a ilusão seja dissipada, a alma novamente realiza sua identidade como Deus. Essa teoria, todavia, é inaceitável quando consideramos a supremacia do Senhor Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, como Ele estabelece no Bhagavad-gita (9.10):
“Esta natureza material, que é uma de Minhas energias, funciona sob Minha direcção, produzindo todos os seres, móveis e inertes. Sob sua ordem, esta manifestação é criada e aniquilada repetidas vezes”. A energia material, maya, é uma das diversas potências do Senhor Supremo. Sendo maya completamente submissa ao Senhor, não há nenhuma possibilidade do Senhor Supremo e Absoluto ser controlado por sua influência. As entidades vivas, todavia, uma vez que são partes diminutas do Senhor, podem ser iludidas. A teoria Mayavada impersonalista, de que após a liberação a alma se funde em Deus, é refutada no Bhagavad-gita (15.7, 2.12), onde Krsna declara que todas as almas jivas são Suas partes eternas, sendo sempre individuais.


Os Mayavadis impersonalistas também declaram que a concepção mais elevada de Deus é a do impessoal e todo penetrante (a Verdade Absoluta destituída de qualidade, atributos e forma), que aceita um corpo material, como o nosso, sempre que vem a este mundo. Assim, para os Mayavadis, o Senhor Visnu ou Krsna são (Brahman com atributos e formas) que, para eles, quer dizer que estão iludidos pela energia material, uma vez que não podem entender a transcendência com forma e qualidades.
Frustrados devido ao sofrimento causado pelo corpo material, os filósofos impersonalistas concebem a transcendência, ou liberação, como destituídas de qualidades e atributos. O Senhor comenta sobre essa noção:
“Homens sem inteligência, que não Me conhecem perfeitamente, pensam que Eu, a Suprema Personalidade de Deus, Krshna, antes teria sido impessoal e que agora assumi esta personalidade. Devido a seu conhecimento limitado, eles não conhecem Minha natureza superior, que é imperecível e suprema” (Bhagavad-gita 7.24). Aprendemos, portanto, através do Bhagavad-gita, que o Senhor Krsna nunca fez nenhuma austeridade ou penitência para se tornar Deus. Ele é eternamente a Suprema Verdade Absoluta, e as almas individuais são Suas eternas partes fragmentárias.
Nrsimhadeva mata Hiranyakasipu
Assim como os Mayavadis mantêm a falsa teoria de que uma alma pode se tornar Deus através de um pouco de penitências, Hiranyakasipu considerava que poderia se tornar invencível e vencer o Senhor Visnu com seus poderes. Mas Prahlada desafiava seu poder.


O arrogante Hiranyakasipu rogou-lhe pragas e inquiriu: “De onde você tira forças para desafiar minha supremacia?”.
“O Senhor Visnu é a fonte de minhas forças”, respondeu o destemido Prahlada. “Ele é a origem da força de todos, inclusive da sua”.
Ouvir que sua força era produto da graça de Visnu, seu pior inimigo, foi o pior dos insultos para Hiranyakasipu, que desafiou Prahlada: “Maldito Prahlada, você está sempre falando sobre um supremo controlador onipresente superior a mim. Se ele está em todo o lugar, por que, então, Ele não está presente diante de mim neste pilar? Se ele não aparecer deste pilar, separarei, hoje, sua cabeça de seu corpo com minha espada”.
Com essas palavras, Hiranyakasipu golpeou o pilar, do qual ouviu-se um som tão alto que parecia que a cobertura do universo seria destruída. [Veja a secção extra ao fim “Como Prahlada Sabia que o Senhor Nrsimha Iria Protegê-lo”].
Para comprovar a afirmação de Seu devoto Prahlada, o Senhor Supremo apareceu do pilar em uma forma jamais vista, uma forma que não era nem homem, nem leão: a forma de Sri Nrsimhadeva.


Embora Hiranyakasipu parecesse uma mariposa entrando no fogo quando foi atacar o Senhor Nrsimha, ele ridiculamente pensou que poderia derrotar o Senhor como fizera anteriormente com seus demais inimigos. Anteriormente, quando seu irmão fora morto, Hiranyakasipu, irado, se dirigiu para a residência do Senhor com um tridente em mãos. O Senhor então desapareceu entrando na narina de Hiranyakasipu. Não conseguindo achá-lO, Hiranyakasipu considerou que Deus estava morto.
Agora, Hiranyakasipu confrontava o Senhor, que brincou com ele da mesma forma que um gato brinca com um rato. Quando o sol começou a se pôr, o Senhor Nrsimha colocou Hiranyakasipu em Seu colo e enterrou Suas garras no torso do demônio.

O daitya exclamou: “Como isso é possível? Meu corpo que está sendo rasgado agora por Nrsimhadeva é o mesmo corpo que quebrou as presas de Airavata, o elefante de Indra; é o mesmo corpo que não sofreu nenhum ferimento, mesmo após ter sido golpeado pelo machado do senhor Shiva”. (Nrsimha Purana 44.30)
Nrsimhadeva rasgou o peito pétreo de Hiranyakasipu com Suas garras semelhantes a diamantes. O Senhor, então, enguirlando- se com os intestinos do rei como se fosse Sua guirlanda da vitória, e, para convencer os semideuses da morte de Hiranyakasipu, o Senhor arrancou o coração do daitya.
Como outro aspecto de Sua peça divina, o Senhor de repente se surpreendeu ao ver que o corpo de Hiranyakasipu havia desaparecido. Quando balançou Suas mãos, todavia, os pedaços mutilados do corpo de Hiranyakasipu caíram de Suas unhas no chão (Nrsimha Purana 44.32-35). Assim, entendemos que Hiranyakasipu era apenas um insignificante insecto se comparado com o leão transcendental, o Senhor Nrsimhadeva, como confirma Jayadeva Gosvami:
tava kara-kamala- vare nakham adbhuta-shringamdalita-hiranyakashi pu-tanu -bhringamkeshava dhrita-narahari- rupa jaya jagadisha hare
“Ó Keshava! Ó Senhor do universo! Ó Senhor Hari, que assumiu a forma metade homem, metade leão! Todas as glórias a Ti! Assim como se pode facilmente esmagar uma vespa entre as unhas, o corpo de Hiranyakasipu, um demônio parecido com uma vespa, foi dilacerado pelas afiadas unhas de Tuas belas mãos de lótus”.

O Senhor Nrsimhadeva derrotou Hiranyakasipu sem contrariar nenhuma das bênçãos concedidas pelo senhor Brahma, que abençoara Hiranyakasipu para que não fosse morto:
dentro ou fora de qualquer residência (o Senhor o matou no portal de entrada)
nem durante o dia nem durante a noite (o Senhor o matou no crepúsculo)
nem no céu nem na terra (o Senhor o matou em Seu colo)
nem por homem nem por animal (o Senhor Nrsimha é meio homem, meio leão)
nem por nenhum semideus, demônio ou serpente divina (o Senhor está acima de todas essas categorias)
nem por qualquer arma ou entidade, corporificada ou não-corporificada (O Senhor Nrsimha perfurou o daitya com Suas garras, que não são consideradas armas, e o Senhor é transcendental ao processo de corporificação e descorporificaçã o).


Por fim, Hiranyakasipu não poderia ser morto por nenhuma entidade viva, criada ou não criada por Brahma. Hiranyakasipu teve o cuidado de garantir que também não seria morto pelo senhor Brahma, pelo senhor Shiva ou pelo Senhor Visnu, as três deidades que presidem o universo (as três únicas personalidades que não foram criadas por Brahma). O Senhor Nrsimha é um lila-avatara, ou encarnação de passatempo do Senhor Krsna, e não está na categoria que inclui Brahma, Shiva e Visnu, que são guna-avataras , deidades com o encargo dos três modos da natureza material.
Hiranyakasipu, o ditador do universo, desejou inverter o sistema piedoso criado por Krsna. Ele queria que os impiedosos fossem recompensados e os piedosos, punidos. Assim, com a morte de Hiranyakasipu, todos os semideuses e habitantes de diversos planetas piedosos ofereceram orações ao Senhor Nrsimha, expressando gratidão por o Senhor ter matado o daitya, que havia roubado suas esposas, riquezas e a parte das oferendas sacrificiais que lhes cabia. Apenas Prahlada Maharaja, todavia, pôde acalmar, com suas orações devocionais, a ira transcendental do Senhor Nrsimha, que está disposto a aparecer sob qualquer forma e em qualquer lugar para proteger Seus devotos puros.
O Senhor Nrsimha ficou extasiado ao ver a fé inabalável de Prahlada Maharaja, e pediu repetidas vezes para que ele Lhe pedisse alguma bênção. Mas Prahlada, como o mais compassivo de todos os devotos, se interessa muito mais pelo bem dos outros do que com o seu próprio; assim, seu único pedido foi que o Senhor salvasse seu pai demoníaco. Satisfeito, o Senhor Supremo garantiu liberação para vinte e uma gerações de parentes da dinastia de Prahlada Maharaja.


Porque Prahlada se torna filho de Hiranyakasipu
Certa vez, o poderoso Hiranyakasipu subiu até o pico do monte Kailasa, a residência do senhor Siva, e começou a praticar severas austeridades. O senhor Brahma, o administrador do universo, sabendo que Hiranyakasipu aterrorizaria todo o universo com os poderes adquiridos através de suas austeridades, começou a meditar em como deter o daitya. O sábio Narada garantiu a seu temeroso pai, Brahma, que iria distrair Hiranyakasipu de seu transe ascético.
Narada e seu amigo Parvata Muni assumiram, então, a forma de dois pássaros e voaram para o local onde Hiranyakasipu estava em profunda meditação. Lá, eles recitaram três vezes o mantra om namo narayanaya. Ao ouvir o nome de seu inimigo Narayana, ou Visnu, Hiranyakasipu atirou uma flecha para matar os pássaros, mas os sábios voaram para longe.
Tendo já perdido a concentração em suas penitências, Hiranyakasipu se recolheu ao seu palácio, onde desfrutou da noite junto de sua rainha Kayadhu. Kayadhu perguntou a seu esposo por que ele havia abandonado sua determinação em executar penitências por dez mil anos. Ele contou para ela sobre os pássaros que lhe perturbaram cantando em voz alta o nome de Narayana. O daitya estava desfrutando de forma íntima a companhia de sua esposa, e seu sêmen foi liberado em seu interior no exacto momento em que contou para ela sobre o mantra om namo narayanaya. Assim, o santo nome do Senhor foi recitado no momento da concepção de Sri Prahlada Maharaja.


— do Nrsimha Purana 41.7–34


Como Prahlada Sabia que o Senhor Nrsimha Iria Protegê-lo
Como uma das últimas tentativas de matar Prahlada, Hiranyakasipu ordenou a seus soldados amarrarem  Prahlada com nagapasha (corda de cobra) durante o começo da madrugada, jogá-lo no mar, e rolarem diversos pedregulhos gigantes para que o esmagassem no fundo do oceano. Quando Prahlada foi atirado no oceano, todavia, as ondas levaram o garoto para a costa, onde o transportador pessoal do Senhor Visnu, a gloriosa ave Garuda, aguardava Prahlada para libertá-lo das cobras que lhe prendiam. Então, Varuna, o senhor do mar, despertou Prahlada oferecendo-lhe seus respeitos.
Ao reaver seus sentidos, Prahlada orou a Varuna: “Ó senhor do oceano, és muito afortunado, pois sempre vês o Senhor Visnu, que repousa em uma cama de serpente sobre tuas águas. Por favor, instrui-me a como vê-lO pessoalmente, bem diante de meus olhos”.
Varuna respondeu: “Querido Prahlada, ó melhor dos yogis, simplesmente ora a Ele em meditação profunda, e o Senhor, que é o benquerente de Seus devotos, certamente aparecerá diante de ti”.
Tendo respondido, Varuna desapareceu entre as águas.
Sentindo-se desqualificado para alcançar o Supremo Senhor Visnu, Prahlada chorou na praia com seu coração repleto de pesar, até que desmaiou.
Então, o Senhor Vishnu apareceu ali e levantou Prahlada, colocando-o em Seu colo. Despertado pelas afáveis mãos do Senhor, Prahlada estava com medo, surpreso e satisfeito por ver o Senhor, e novamente desmaiou em profundo êxtase. O Senhor abraçou Prahlada, e quando Prahlada recobrou sua consciência, ofereceu reverência no chão para o Senhor, mas não conseguiu oferecer-Lhe orações.

O Senhor o levantou do chão e disse: “Querido filho, abandone esse medo de Minha grandeza, pois não Me há ninguém mais querido do que você. Por favor, peça-Me qualquer coisa que deseje do fundo de seu coração”.


Prahlada respondeu: “Meu Senhor, tudo o que desejo é contemplar o néctar de Sua forma divina, que é raramente vista mesmo pelos mais grandiosos semideuses”.
Quando o Senhor insistiu que Prahlada Lhe pedisse uma benção, o grande santo pediu unicamente devoção imaculada e exclusiva por Ele.
Após abençoar Prahlada dizendo que teria tudo o que desejasse e desfrutaria de todos os prazeres, o Senhor disse: “Não fique ansioso por Meu desaparecimento, pois Eu nunca deixo o seu coração. Muito em breve você Me verá novamente, quando, para matar Hiranyakasipu, Eu aparecerei na forma de Nrsimha – querida pelos santos e mortal para os ateístas”.
— do Nrsimha Purana 43.28–85
O Dia do Aparecimento Transcendental de Nrsimhadeva
Um dos capítulos do Padma Purana, o Uttara Khanda, descreve as glórias do Sri Nrsimha Caturdashi, o dia do aparecimento transcendental do Senhor Nrsimha. Nesse capítulo, o senhor Siva narra a seguinte história pra sua esposa Parvati:
Depois que o Senhor Nrsimha derrotara Hiranyakasipu, Prahlada ofereceu-Lhe orações com profunda devoção e, então, perguntou ao Senhor: “Como pude eu, meu Senhor, obter a raríssima posição do serviço devocional puro à Suprema Personalidade de Deus?”.
O Senhor Nrsimhadeva respondeu: “Prahlada, em sua vida anterior você foi um indigno filho de um brahmana. Rejeitando as escrituras Védicas, você era extremamente apegado a diversas atividades pecaminosas. Simplesmente por observar completo jejum – de alimentos e de água – no auspicioso dia de Meu aparecimento, o Sri Nrsimha Caturdashi, você obteve o serviço devocional puro por Mim. E todo aquele que observa esse jejum, Eu lhe garanto eterna bem-aventurança, desfrute e liberação”.


O Senhor Nrsimha é uma forma eterna do Senhor que aparece em diversos universos em diferentes momentos para executar Seus passatempos divinos. Seu Nrsimha Caturdashi, o décimo quarto dia lunar da lua crescente do mês de Madhusudana, é, portanto, eternamente um dia sagrado, no qual Seus devotos jejuam a fim de glorificarem o aparecimento transcendental do Senhor.

Depois que Hiranyakashipu foi morto, a Senhor continuou irado, e os grandes Santos, não conseguiram apaziguá-LO. Nem mesmo a deusa da fortuna, a companheira constante do Senhor Krishna (Narayana), ousava aparecer diante do Senhor Nrsimhadeva. Então, o Senhor Brahma pediu que Prahlada Maharaja se adiantasse para aplacar a ira do Senhor. Prahlada Maharaja, confiando na benevolência de seu amo, o Senhor Nrsimhadeva, não estava absolutamente temeroso. Com muito respeito, apresentou-se diante dos pés de lótus do Senhor e ofereceu-Lhe respeitosas reverências. O Senhor Nrsimhadeva, tendo muita afeição por Prahlada Maharaja, pôs Sua mão na cabeça de Prahlada, e, como foi pessoalmente tocado pelo Senhor, Prahlada Maharaja de imediato alcançou o mais elevado conhecimento espiritual. Assim, ofereceu suas orações ao Senhor com pleno conhecimento espiritual e em completo êxtase devocional. São as seguintes as instruções que Prahlada Maharaja deu em forma de oração.
Prahalada disse: " Não me orgulho de poder oferecer orações à Suprema Personalidade de Deus. Simplesmente refugio-me na misericórdia do Senhor, pois, sem devoção, ninguém pode apazigua-LO. Ninguém pode satisfazer a Suprema Personalidade de Deus simplesmente à força de parentesco elevado ou de grande opulência, sabedoria, austeridade, penitência ou poder místico. Na verdade, nada disso jamais satisfaz o Senhor Supremo, pois só pode agradá-LO o serviço devocional puro. Mesmo que uma pessoa seja um sacerdote dotado de todas as qualidades religiosas, ele não é muito querido pelo Senhor, ao passo que se alguém nascido em família humilde e pobre mas que tenha qualidades de um devoto, o Senhor aceita suas orações. O Senhor não precisa das orações de ninguém, mas, se o devoto oferece orações ao Senhor, o devoto obtém grande benefício. Portanto, pessoas ignorantes, nascidas em famílias baixas, podem oferecer sinceras orações ao Senhor, e o Senhor as aceitará. Tão logo alguém oferece suas orações ao Senhor, ele se situa na plataforma Suprema.
O Senhor Nrsimhadeva apareceu para o benefício de toda a sociedade humana, e não apenas para o benefício exclusivo de Prahlada Maharaja.  A aterradora forma do Senhor Nrsimhadeva talvez pareça muito terrível para aquele que não é um devoto do Senhor, mas para o devoto, esta forma do Senhor sempre é afectuosa, como são Sua outras formas. A vida condicionada do mundo material é de fato extremamente temerária; na verdade, o devoto nada teme. Medo da existência material deve-se ao falso ego. Portanto, a meta última da vida de toda a entidade viva é alcançar a posição de servo do servo do Senhor. Somente a misericórdia do Senhor pode remediar a condição miserável das entidades vivas no mundo material. Embora existam os presumíveis protectores materiais, tais como os santos celestiais, ou mesmo o próprio pai, eles são incapazes de fazer qualquer coisa para proteger alguém que é negligenciado pela Suprema Personalidade de Deus. Entretanto, quem se refugiou plenamente nos pés de lótus do Senhor pode salvar-se das investidas armadilhas da natureza material. Portanto, nenhuma entidade viva deve se deixar atrair pela aparente felicidade material, e todos devem a qualquer custo refugiar-se no Senhor. É este o objectivo da vida humana. Deixar-se seduzir pelo gozo dos sentidos é mera tolice. A misericórdia do Senhor é outorgada igualmente a todos, não importa se alguém está situado em posição superior ou inferior. O Senhor sempre salva os devotos do poder dos materialistas ou impersonalistas. Como Superalma, o Senhor está presente nos corações de todos para dar ao ser vivo protecção e todos os benefícios. Assim, o Senhor age às vezes como matador e outras vezes, como protector. Ninguém deve acusá-LO de alguma discrepância. Está incluído em Seu plano vermos muitas variedades de vida dentro deste mundo material. Todas elas, em última análise, são Sua misericórdia.
Embora toda a manifestação cósmica não seja diferente, no entanto, o mundo material é diferente do mundo espiritual. Somente pela misericórdia do Senhor Supremo é que alguém pode entender como a maravilhosa natureza material age. Por exemplo, embora o Senhor Brahma o criador do universo material nascesse através do caule da flor de lótus que brotou do abdômem do Senhor Vishnu como Garbhodakashayi, o Senhor Brahma não sabia o que fazer. Então Ele foi atacado por dois demônios, Madhu e Kaithaba, que lhe roubaram o conhecimento Védico pelo qual Ele possuía toda a sabedoria, mas o Senhor apareceu-lhe e matou-os  e confiou novamente ao Senhor Brahma todo o conhecimento Védico. Assim, em cada milênio, o Senhor aparece na sociedade entre seres elevados como também na sociedade dos seres humanos, dos animais, das plantas e dos seres aquáticos. Todas essas encarnações destinam-se a proteger os devotos e matar os demônios, mas esse extermínio e protecção não significam que o Senhor Supremo esteja agindo com algum grau de parcialidade. A alma condicionada sempre se sente atraída pela energia externa. Portanto, está sujeita á luxúria e a cobiça, e sofre as condições impostas pela natureza material. Quem quer que se ocupe em glorificar as actividades do Senhor jamais teme este mundo material, mas quem não consegue dedicar ao Senhor essa glorificação fica sujeito a lamentar-se continuamente.
Aqueles que estão interessados em adorar silenciosamente o Senhor em lugares solitários podem qualificar-se á liberação pessoal, mas o devoto puro sempre fica sentido ao ver o sofrimento alheio. Portanto, não se importando com sua própria liberação, ele vive ocupado em pregar as glórias do Senhor. Por conseguinte, Prahlada Maharaja tentou libertar seus colegas de classe através de pregação e jamais permaneceu silencioso. Embora ser silencioso, executar austeridades e penitências, aprender a literatura Védica, submeter-se a cerimônias  ritualisticas, viver em lugar solitário e dedicar-se ao rosário e à meditação transcendental sejam métodos aprovados que concedem liberação, reservam-se aos não devotos ou enganadores que querem viver às custas dos outros, mesmo nas instituições onde se pratica serviço devocional ao Senhor existem tais não-devotos, e, com isso causam muitas anomalias que dificultam o serviço prestado do devoto sincero. Entretanto, como está livre dessas actividades superficiais, o devoto puro torna-se apto para ver o Senhor face a face.
A teoria atômica da composição da manifestação cósmica não é verdadeira. O Senhor é a causa de tudo, e portanto Ele é a causa desta criação. Logo, todos devem ocupar-se sempre em serviço devocional, prestando respeitosas reverências ao Senhor, oferecendo orações, trabalhando para o Senhor, adorando o Senhor no templo, lembrando-se sempre do Senhor e sempre ouvindo Suas actividades transcendentais. Sem essas seis espécies de actividades, ninguém pode alcançar o serviço devocional."
Prahlada Maharaja ofereceu então suas orações ao Senhor Supremo, implorando Sua misericórdia a cada passo. O Senhor Nrsimhadeva foi apaziguado pelas orações de Prahlada Maharaja e quis dar-lhes bênçãos com as quais Prahlada poderia obter toda classe de facilidades materiais. Prahlada Maharaja, entretanto, não se deixou desencaminhar pelas facilidades materiais. Ao contrário, desejava permanecer sempre servo do servo do Senhor.